A genética das peidas
Há muitos anos aconteceu-me algo impensável. Avistanto um senhor cu ao descer a Rua dos Clérigos, embasbaquei-me, eventualmente terei levado a mão à braguilha para acondicionar o piçalho já a duplicar de tamanho e... foda-se, esborrachei-me na traseira de um eléctrico. Daqueles amarelos [não podia mesmo deixar de ser, pelo menos neste blog], grelha, faróis acabadinhos de montar para o rali do fim de semana, pára-choques e protecção do carter no solo por acção da lança de reboque do mastodonte dos STCP. Para cúmulo, passada a surpresa inicial, verifiquei que o dito cu era ostentado por um dos primeiros travestis da cidade, artista convidado de uma boîte ali para os lados da ponte Luiz I.
Nota de má língua: o primeiro travesti a actuar no Porto foi atirado da janela de um segundo andar de uma pensão, frente ao Bolhão, por um industrial de conservas. Este, pirou-se para o Brasil e morreu não há muitos anos.
Moral da história: duas, a meu ver.
Primeira: quem vê cus, não vê caras. Segunda: mesmo que o cu justifique a despesa, convém verificar antecipadamente o estado, a proveniência, o livro de manutenção e, sobretudo, deitar-lhe a mão. Tudo isto para evitar surpresas desagradáveis.
Este é mesmo um nariz de cera. [Só mesmo para entendidos]. Tudo isto para lançar o leit motiv de uma nova reflexão. Numa mesma família, mesmo que suspeitemos da intromissão de genes alheios - padeiro, canalisador, o carteiro, o senhor da junta ou outro pinante que tal - o que nos remete automaticamente para a existência de filhos da puta [o masculino é generalizante] -, haverá ou não uma matriz de peidas?
Baseado na minha experiência, sou levado a concluir que não. A não ser que a linhagem seja pura e o estalão respeitado. Caso contrário, na mesma família, irmãos ou irmãs, com peidas de igual gabarito, serão tentados/as a dar-lhes finalidades diversas, o que lhes dará configurações distintas. Umas, sentam-se por força da gravidade, categoria ou posto profissionais. Outras, deixam-se amolecer e dão o cu ao manifesto a todo o cão vadio, desde que, evidentemente, social-democrata. Outras, porque o balde nem para cagar serve, usam a boca para dizer toda a merda que lhes apetece.
Claro que tão vasto tema não se esgota aqui. Porque, do sul, surgem peidas alegadamente masculinas, mas implantadas em ancas femininas, que tudo confundem. Habituados a dá-la em qualquer altura e a qualquer pinante erecto, não é muito difícil encontrá-los em actos explícitos em colunas de jornais diários. Com foto de intelectual, queixo apoiado na mãozinha punheteira, à laia de grande pensador, com um sorriso nos lábios escorrendo... imaginem o quê!
Conclusão: há cus e peidas. Estas são para evitar, não vá sermos premiados com uma DST (Doença Sexualmente Transmissível). Os primeiros, meus caros, são o perfume da vida. Mesmo que mal lavados. Há sempre um bidé amigo à mão.
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